Morreu nesta terça-feira (22), aos 76 anos, o cantor britânico Ozzy Osbourne, uma das figuras mais importantes e influentes da história do rock. Conhecido como “príncipe das trevas” e “padrinho do heavy metal”, o artista enfrentava desde 2019 uma dura batalha contra o Mal de Parkinson. Sua morte foi confirmada pela família em nota enviada à imprensa: “Ele estava em casa, cercado de amor, e partiu em paz. Pedimos que respeitem a nossa privacidade neste momento difícil.”
Ozzy havia feito sua última apresentação no início deste mês, no dia 5 de julho, com o grupo Black Sabbath, em sua cidade natal, Birmingham, na Inglaterra. O show marcou o encerramento oficial da sua carreira nos palcos, diante de um estádio lotado e milhares de fãs conectados ao redor do mundo pela internet.
Nascido John Michael Osbourne, em 3 de dezembro de 1948, Ozzy cresceu em um bairro operário de Birmingham. Desde cedo demonstrou interesse por música, mas antes de se tornar um astro do rock, teve uma juventude conturbada, com passagens pela prisão por pequenos furtos e empregos temporários — de operário em abatedouros a ajudante em necrotérios.
O início da virada veio em 1969, quando se uniu a Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward para formar o Black Sabbath. A proposta era fazer um som mais sombrio, pesado e diferente de tudo que se ouvia na época — e conseguiram. O álbum de estreia da banda, lançado em 1970, ajudou a consolidar as bases do heavy metal e abriu caminho para uma nova era do rock.
Durante a década de 1970, o Black Sabbath lançou clássicos que moldaram a identidade do gênero, como Paranoid, Master of Reality e Vol. 4. A voz inconfundível de Ozzy e seu comportamento imprevisível transformaram-no numa figura cultuada e controversa. Em 1979, foi demitido da banda devido ao abuso de álcool e drogas, mas a saída acabou abrindo portas para uma carreira solo de enorme sucesso.
Como artista solo, Ozzy Osbourne lançou álbuns icônicos como Blizzard of Ozz e Diary of a Madman, apresentando ao mundo sucessos como Crazy Train e Mr. Crowley. Ao longo da carreira, vendeu mais de 100 milhões de discos, combinando o que conquistou com o Black Sabbath e sozinho.
Mesmo com fama e fortuna, sua vida foi marcada por excessos, acidentes e problemas de saúde. Em 2003, protagonizou com a família o reality show The Osbournes, da MTV, que mostrava o cotidiano de sua casa, entre o caos doméstico e os bastidores da fama. O programa foi um fenômeno de audiência e consolidou a imagem de Ozzy como uma lenda viva do rock e uma figura carismática fora dos palcos.
Em 2020, ele revelou publicamente que havia sido diagnosticado com uma forma rara de Mal de Parkinson, chamada PRKN2. A notícia mobilizou fãs do mundo inteiro, e desde então o cantor passou a diminuir suas aparições públicas e apresentações ao vivo. Mesmo assim, seguiu lançando música: em 2022, surpreendeu o público com o álbum Patient Number 9, que recebeu elogios da crítica especializada.
Apesar da saúde fragilizada, Ozzy insistiu em fazer uma despedida digna de sua trajetória. O último show, realizado em 5 de julho de 2025, foi descrito como emocionante e simbólico. Ao lado de seus companheiros de banda, tocou os grandes clássicos do Black Sabbath diante de um público emocionado e grato.
O impacto de Ozzy Osbourne no rock é incalculável. Além de abrir caminho para inúmeras bandas e estilos, ele moldou a estética, a atitude e a linguagem do heavy metal. Seu estilo único, marcado por roupas pretas, cruzes e uma postura teatral, ajudou a criar um verdadeiro ícone da cultura pop. Em vida, foi homenageado com prêmios, estátuas, títulos honorários e a eterna devoção de fãs de todas as idades.
Com sua morte, o rock perde uma voz inconfundível, um artista autêntico e um personagem irrepetível. Mas sua obra permanece viva — em discos, vídeos, memórias e em cada riff pesado que ecoa nos fones de quem cresceu ouvindo seu som.